sábado, 7 de agosto de 2010

- é companheiro, estamos na superfície! -





É ainda uma verdade o fato de não podermos habitar o interior do planeta, mas há algum tempo venho percebendo que a maioria dos jovens além de habitarem a superfície da terra como todo e qualquer ser humano terráqueo, leva essa palavra muito a sério na sua ideologia de vida.

Há aproximadamente uns três meses em uma das várias festas familiares que freqüentei me pediram para colocar uma música para que todos nós pudéssemos ouvir, e então eu prontamente quis colocar o bom e velho jazz. Apenas quis! Pois logo minha prima de dezoito anos gritou de lá: - Ah! Não vai colocar essa música de velho!

- Ã?  Foi a minha resposta... Obviamente todos concordaram com ela e colocaram um dos famosos pagodes baianos e todos viveram felizes para sempre.
Foi quando parei para analisar o quão ridículo e fora de moda hoje é: ouvir jazz, vestir roupas que não estejam mais “na moda”, ler Virginia Woolf ou Caio F. Abreu ou George Orwell, gostar de cinema Europeu ou ainda deixar de ir a uma balada pra ir ver um espetáculo teatral. Mas o líder em “fora de modismo” são os museus. Nossa! Os museus! Os lugares mais odiados por essa nova sociedade brasileira.

E então eu me pergunto: eu sou careta demais ou a juventude está cada vez mais superficial?

Sim! Acho que esta é palavra que definiria perfeitamente a nova geração. A geração que não sai de casa sem maquiagem ou até mesmo sem escovar ou arrumar muito bem os cabelos, sem estar vestindo a ultima tendência da moda mundial ou sem aquele celular magnífico que faz até cafezinho e arruma a cama.
Me irrita e deprime o fato de saber que as bibliotecas estão há muito abandonadas, e os museus e teatros? eu nem comento mais!

 Toda a forma de expressão artística idolatrada pela juventude de 70, na era dos “vcs, tbs, msm, tc, miguxas” virou lixo.

E é uma pena saber que a nossa grande batalha em prol da liberdade de expressão e conscientização política e social não serviram de nada, porque é muito mais fácil seguir as várias ditaduras existentes do que se afastar da massa feliz com sua magnífica política “Panis Et circenses” e usar um dos seus mais preciosos bens: o cérebro!

É! O cérebro já está aposentado há bastante tempo, porque eu não acredito que alguém capaz de usá-lo ouviria coisas do tipo: rala a tcheca* no chão, esfrega a xana* no asfalto, e se sentiria satisfeito.

Mas com esse desabafo-protesto eu quero dizer que o que me mantém viva e ainda feliz apesar de tudo é saber que ainda existem pessoas com menos de trinta anos que são capazes de usar e abusar do pensamento crítico e não aceitam todas as coisas impostas pelos não usuários de cérebro.

Quero deixar claro que não sou contra as pessoas que cuidam da sua beleza física ou gostam de se vestirem “bem”! Sou contra sim! As pessoas que fazem disso seu único objetivo de vida e não colaboram de forma nenhum para uma melhor sociedade.

Uma sociedade de leitores, críticos, artistas ou apreciadores de arte.

Uma sociedade de pensantes ao invés de uma sociedade de propagandas ambulantes de roupas, sapatos, perfumes ou maquiagens.

Uma sociedade que seja realmente bonita! E isso independe da sua estética física!
E uma sociedade que consiga cavar um pouquinho mais só para não ficar tão na SUPERFICIE!






PS.: Veja esta postagem também em: transarevista.com.br





Um comentário:

  1. Hanna, esse textooo é maraaaaaaaaa

    Mandei ele por email para todos os meus contatos... xD

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